Enoturismo gaúcho movimentam 25% da economia das cidades produtoras
Com a situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, as vinícolas da região ainda não conseguem mensurar os impactos financeiros. Todavia, as enchentes não devem ocasionar escassez de vinho ou o aumento de preços dos produtos, uma vez que a safra de uva foi colhida recentemente. Entretanto, o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) alerta que muitas das famílias afetadas dependem financeiramente de suas pequenas propriedades agrícolas. Além disso, a interrupção abruta de seu enoturismo também é preocupante neste momento, uma vez que ele contribui para impulsionar a economia local, promovendo o comércio de vinhos e produtos regionais, diz o sommerlier Luciano Mestrich.
Movimento da economia local
A Uvibra estima que o turismo de vinho chega a movimentar 25% da economia das cidades produtoras. Sendo assim, especialistas estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) seja impactado em 2% pela tragédia.
Posição das vinícolas
Já em Bento Gonçalves, uma das principais regiões produtoras de vinho do Brasil, ainda não consegue mensurar o tamanho do prejuízo. Por outro lado, a Cooperativa Vinícola Aurora está focada em auxiliar nos resgates à população atingida, abrindo um canal de comunicação para atender associados e funcionários. Somente após isso que a cooperativa irá avaliar os reais impactos materiais e seus reflexos nas questões produtivas e logísticas.
Serra gaúcha
Em contrapartida, na serra gaúcha, o cenário está dividido. Neste caso, o presidente da Uvibra disse que no centro da cidade, a rotina da população segue em sua normalidade. Porém, nas propriedades rurais às margens de rios, a cerca de 30 quilômetros do perímetro urbano, passaram por catástrofes climáticas.
Ainda na serra, quase 250 hectares foram afetados e cerca de 20 mil famílias da região, que são pequenos fornecedores de vinho, com propriedades de até 3 hectares, dependem parcial ou completamente do faturamento de suas terras.
Agora, o apelo do setor é para que os produtos já prontos sejam comprados pelos varejistas e pela população, mantendo a cadeia econômica do vinho, apesar das dificuldades logísticas da região.
Dados do Sebrae
Segundo dados do Sebrae, mais de 85% das vinícolas brasileiras têm receitas advindas do enoturismo. Portanto, é hora de rever o calendário de eventos de todo o ano neste ramo. Prova disso é que a Associação Brasileira de Enologia (ABE) adiou de junho para julho as degustações de um dos concursos de vinho mais importantes das Américas, a 12º Brazil Wine Challenge.
Desenvolvimento de tecnologias
Por fim, um dos pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho diz que agora a prioridade é desenvolver tecnologias para que os produtores se adaptem e sofram menos com as mudanças climáticas. Isso envolve também o aumento de temperatura, estiagem e agora as enchentes.
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/vista-lateral-uma-mulher-bebe-um-copo-de-vinho-tinto_8197172.htm#fromView=search&page=1&position=39&uuid=82c198e7-1ae1-47d1-9931-ceceadbc2fa3