O sócio fundador da empresa Angra Partners vai representar as fundações da nova bolsa, que foi destaque da matéria divulgada pelo Pipeline
Na última quinta-feira, 14 de março, o veículo Pipeline (Valor/Globo) divulgou uma importante matéria que contou com a presença de Alberto Guth, sócio fundador da empresa Angra Partners. O artigo, com comentários do CEO da ATG, Cláudio Pracownik, destaca a iniciativa da ATS de criar uma bolsa de valores brasileira até o final de 2025.
A Angra Partners é a gestora do Fundo de Investimento em Participações (FIP ETB), detentor de 27% do capital da empresa. A companhia também desempenha um papel ativo por meio do conselho na condução e no desenvolvimento da ATS, a qual é controlada pelo fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala. A nova bolsa chega para concorrer com a B3 e deve começar as suas operações no segundo semestre do próximo ano.
A bolsa do fundo de investimentos de Mubadala
Controlada pela ATG (Americas Trading Group), a ATS foi comprada em 2023 pelo fundo árabe Mubadala, o que despertou, segundo apuração do veículo Pipeline, um misto de empolgação e ceticismo nos agentes financeiros locais. Recentemente, a empresa iniciou o processo de registro na bolsa e abertura de clearing. A expectativa é que, assim que os reguladores tenham todos os dados necessários, o prazo de nove meses para estabelecer a bolsa seja acionado.
Para a movimentação, a tecnologia da Clearing ficou por conta da empresa Tata.
A nova bolsa planeja utilizar os serviços da B3 e engajou a FutureBrand para conceber um novo nome para a ATS, o qual pode ser definido até o primeiro semestre de 2024. Além disso, a bolsa busca emular um modelo semelhante ao que as bolsas americanas BATS e Direct Edge tentaram implementar no passado.
Como vai funcionar a nova bolsa?
Inicialmente, não está prevista a listagem de empresas, mas sim a implementação de uma plataforma de negociação alternativa, que poderá ser conectada com outras bolsas e oferecer produtos derivativos. A bolsa está planejada para operar seguindo os moldes europeus adotando o modelo de melhor execução, onde as ordens são fechadas pelo menor custo disponível para o cliente. Durante esse processo, o aviso de troca de custódia será enviado para a B3, que realizará a alteração de proprietário, recebendo uma taxa pelo serviço prestado.
Na referida bolsa, o principal produto da ATS será a negociação de ações no mercado à vista, com lançamentos ocorrendo a cada trimestre. Dessa maneira, a empresa deve simplificar a sua estrutura de estreia e o pedido inicial dos reguladores, enquanto ganha volume. Na relação com a B3, o CEO da ATG, Cláudio Pracownik afirmou ao Pipeline que “não é uma guerra. É uma luta para aumentar volume, para expansão do mercado brasileiro”.
O fundo de investimentos Mubadala
O Mubadala é um fundo soberano de investimentos do Emirado de Abu Dhabi. Embora possua diversos investimentos em empresas do setor financeiro, o Mubadala não está envolvido em operações de bolsa de valores mobiliários em outros países. Seus investimentos incluem bancos dos Emirados, a MidChains (uma bolsa de negociação de ativos digitais), a plataforma de investimentos Sarwa, bem como participações em seguradoras e gestoras, desde a Rússia até a França.
Antes de comprar a ATG, o fundo árabe contratou a Kroll para uma averiguação completa, tanto da empresa quanto dos executivos. Atualmente a companhia é 80% do Mubadala, e tem como minoritários o Postalis e a Serpros. Oscar Fahlgren e Sergio Carneiro representam o fundo no conselho e Alberto Guth, da Angra Partners, representa as fundações.
A estrutura acionária da nova bolsa será simétrica, porém o conselho contará com membros independentes. A sede da bolsa será estabelecida no Rio de Janeiro, devido à presença da ATG e do Mubadala no país. A empresa está atualmente avaliando as questões tributárias e a demanda dos investidores.
A trajetória de Alberto Guth
Alberto Guth, fundador da Angra Partners, possui uma vasta experiência de mais de vinte anos em gestão de recursos, com experiências executivas em empresas de renome. Formado em engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME/RJ), também obteve o título de Mestre em Administração de Empresas pela Wharton Business School.
Desde 2003, atua como sócio na Angra Partners, desempenhando um papel fundamental na gestão do fundo de private equity Investidores Institucionais. Sob sua liderança, foram conduzidas reestruturações financeiras e negociadas fusões e aquisições.
Anteriormente, Guth trabalhou na Investidor Profissional Gestão de Recursos como sócio-diretor por uma década e ocupou cargos executivos na Esso Brasileira durante nove anos. Sua trajetória inclui ainda experiência como Conselheiro de Administração e Fiscal em empresas, tanto listadas quanto não listadas.