Consumo de álcool na pandemia aumentou para homens com maior poder aquisitivo e que ficaram mais tempo em isolamento social, revela estudo da OPAS
Um recente estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revelou que o consumo de álcool aumentou durante a pandemia de Covid-19, referente a 2020.
A pesquisa contou com a participação do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp).
Aumento do consumo de álcool na pandemia
Segundo o estudo, o perfil e os fatores associados ao aumento do consumo de álcool na pandemia, diz respeito também ao “beber mais pesado” durante este período. O levantamento foi publicado no periódico científico Drug and Alcohol Dependence.
Outros efeitos do álcool
Contudo, o aumento de álcool pode causar ainda outros impactos negativos, como o desenvolvimento de uma hepatite. De acordo com o Dr. Sérgio Mies, gastroenterologista especialista em hepatite alcoólica, o álcool em excesso pode atacar o pâncreas, o coração e o fígado.
Como foi a entrevista
A pesquisa entrevistou 12.328 adultos oriundos de 33 países da América Latina e do Caribe. As respostas vieram por meio de questionário online de autorrelato. Numa próxima etapa ele foi divulgado através de plataformas digitais, com impulsionamento da OPAS, entre o período de 22 de maio a 30 de junho de 2020.
Entre os fatores que resultaram no aumento do consumo de álcool, estão: episódios de beber pesado, com ênfase nas características sociodemográficas, práticas de quarentena, além de sintomas de ansiedade em bebedores, ou seja, àqueles que reportaram ter bebido em 2019. Portanto, em relação ao beber pesado, entende-se como beber cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma ocasião.
De acordo com Zila Sanches, professora do Departamento de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp:
“No total, 65% dos participantes da pesquisa relataram ter feito pelo menos um episódio de beber pesado durante a pandemia de covid-19, sendo que 14% relataram ter aumentado a frequência desses episódios de beber pesado em comparação com 33% que disseram ter reduzido a frequência desse comportamento no período.”
Outras associações
Entretanto, quem está desempregado, é estudante ou quem vive com crianças, está negativamente relacionado ao aumento da frequência de episódios de beber pesado. Portanto, estes fatores descrevem um comportamento inverso de beber pesado durante a pandemia.
Zila ainda pontua:
“Além disso, um gradiente de associação foi encontrado entre o transtorno de ansiedade generalizada e um aumento na frequência de episódios de beber pesado durante a pandemia, ou seja, quanto maior o nível de ansiedade maior o beber pesado.”
*Foto: Divulgação/Polícia Civil