Gestores de projetos sociais já enfrentavam desafios antes da crise provocada pela Covid-19
A pandemia de Covid-19 veio para impactar diversos setores da sociedade brasileira e mundial, e isso envolve o setor acadêmico. Este artigo vai mostrar a visão de dois especialistas da área e como a atual situação mexe com a formação do profissional de educação.
Gestores de projetos sociais na pandemia
Para os professores Roberto Galassi Amaral, coordenador dos cursos de especialização em Gestão de Projetos Sociais no Território, Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade, e Nuria Ester Campmany Requena Barbosa, coordenadora do curso de Projetos Sociais e Políticas Públicas do Senac São Paulo:
“A gestão de projetos sociais é marcada pela complexidade dos desafios atuais e ação de diferentes atores, que demanda com frequência o desenvolvimento de competências. Os profissionais desta área precisam estar atentos e comprometidos para ampliar seus conhecimentos. Com o contexto do COVID-19, esses desafios só aumentaram para todos os setores da sociedade.”
Ambos deram uma entrevista ao portal Setor 3 para falarem sobre a atuação em rede, além do comportamento das empresas no combate à pandemia. Também foi abordado aspectos da vivência de gestores de projetos sociais com o apoio do investimento social privado.
Gestores e seu papel junto às empresas no campo da articulação
Os coordenadores revelam aqui que há, pelo menos, três possibilidades distintas, no que diz respeito ao formado de atuação de empresas e organizações da sociedade civil (OSCs), como insitutos e fundações de origem empresarial. Sendo assim, as organizações podem atuar promovendo a totalidade de seu investimento social privado, “a partir da efetivação do próprio projeto”. Ou seja, ainda podem realizar a totalidade de seu investimento por meio de projetos de organizações da sociedade civil. Já num terceiro cenário, “as organizações investidoras podem combinar investimentos em projetos próprios e em projetos de OSCs”.
Além disso, Galassi e Nuri falam sobre o Censo GIFE mais recente. Ele indica a que a expansão dessas possibilidades avaliando é um foco de maior aproximação ao investimento total nas OSCs, ou “maior para investimento em projetos próprios”. Todavia, o mesmo estudo aponta que 92% das organizações integram redes ou grupos que possuem o objetivo de promover ações sociais articuladas entre as próprias organizações ou entre elas e as políticas públicas.
Atuação em relação à Covid-19
Quando o assunto é a pandemia, os coordenadores dizem que as atividades orientadas às comunidades de entorno ou para a sociedade em geral sempre integraram a agenda maior parte das organizações de origem empresarial.
Prova disso é que dados do Censo GIFE 2018 mostram que o setor de educação continua na posição principal (80%). Na sequência aparece trabalho, empreendedorismo e geração de renda, na segunda posição (66%). Por fim, cultura e artes (56%). Ainda em relação às organizações, elas contam com gestores de projetos sociais em várias áreas. E é exatamente por isso que os percentuais não totalizam 100%.
Desafios na gestão de projetos sociais
A pandemia gerou um grande impacto sobre a capacitação e profissionalização das ações sociais. Este fato interessa e muito o meio acadêmico.
Contudo, outro indicador tem a ver com o desenvolvimento técnico das equipes, revelado a partir de dados da plataforma Mosaico GIIFE.
O estudo mostra que dentre as organizações respondentes, 48% financia a capacitação das equipes em conferência/seminários nacionais e internacionais. Já 42% aportam recursos financeiros para que o colaborador possa desenvolver em temas definidos pela organização. E 27% aportam recursos financeiros que o colaborador se desenvolva em temas definidos por ele próprio.
Ensino remoto
Por fim, um dos fatores fundamentais nesta pandemia que proporcionaram algo de relevante foi o ensino mediado pela tecnologia.
Ou seja, o momento atual é de fortalecer competências, incentivar o desenvolvimento profissional, o que inclui a área de gestão de projetos sociais. Eles podem ser realizados pela OSCs, ou ainda desenvolvidas pelas organizações de origem empresarial, assim como pelos profissionais das políticas públicas.
*Foto: Divulgação/Amanda Perobelli/Reuters