O enoturismo engloba passeio para os visitantes, colheita de uvas, participação na vinificação, harmonização de refeições, hospedagem, degustação e cursos de sommeliers
Uma recente pesquisa do Sebrae revelou que as vinícolas brasileiras estão apostando na combinação com outras atividades ligadas ao turismo. O objetivo é elevar seu potencial competitivo e valor de mercado.
O enoturismo engloba passeios guiados, cursos, artesanato, além do turismo de experiência em vinhedos e já é uma realidade para mais de 85% dos empreendimentos desse setor.
Já as vinícolas, além de produzir vinhos e derivados da uva, também têm aberto suas propriedades para visitantes de todo o país.
O que dizem os especialistas
Segundo o sommelier Luciano Mestrich Motta “o enoturismo é uma experiência fascinante que combina o prazer de apreciar vinhos com a descoberta de regiões vinícolas e suas tradições. Ao participar de atividades como visitas a vinícolas, degustações de vinhos e tours pelas plantações de uvas, os entusiastas têm a oportunidade de aprofundar seu conhecimento sobre a produção vinícola e apreciar a riqueza cultural e paisagística das áreas vitivinícolas”.
Enoturismo no Brasil
A maior parte das vinícolas já está conectada à Associação Nacional dos Produtores de Vinhos de Inverno (Anprovin). Neste caso, os empreendimentos que estão mais estruturados dispõem de espaços multiuso em suas propriedades para receber os turistas. O conceito é oferecer a melhor experiência possível. As vinícolas ainda em formação, pelo menos parte delas, também têm projetos de agregar o enoturismo em seu plano de negócio.
Segundo Marco Antonio Carbonari, diretor de marketing da Anprovin, esse modelo agregado valoriza a experiência do visitante, potencializa o negócio, gera renda e emprego e, principalmente, qualifica as vinícolas.
“A experiência é a alma de um passeio. Por isso, as vinícolas entenderam que esse é um caminho que os clientes desejam e que pode ser muito bem aproveitado pelos produtores”, avalia Marco Antonio Carbonari.
Ele diz ainda que a maioria das vinícolas (63,7%) adota a estratégia de diversificação como um diferencial competitivo.
Categorias
Com o propósito de diversificar e impulsionar os negócios, além de agregar valor, as vinícolas podem atuar em mais de uma categoria. Com isso, os ganhos aumentam e esses locais se tornam mais atraentes ao gerar uma experiência memorável aos visitantes. Isso inclui ainda montagem de pacotes de visitação e degustação, gerando maior ticket médio.
Pesquisa do Sebrae
Segundo pesquisa do Sebrae, que utilizou como base dados do Ministério da Agricultura e informações coletadas junto das vitivinícolas, o turismo de vinhos – leva em consideração a existência de estruturas para o turismo (como chegar, onde comer e dormir) e das peculiaridades e tipicidades de cada território.
É o que explica Germana Magalhães, analista de Competitividade do Sebrae: “Podemos dizer que o setor do turismo e o do vinho são parceiros simbióticos e incorporados em um ecossistema produtivo altamente sustentável. O enoturismo permite a integração dos setores primário (vitícola/agricultura), secundário (vitícola/indústria) e terciário (comércio e turismo/serviços), além de destacar os atributos e particularidades de cada terroir”.
Perfil do setor
O Sebrae explana ainda que, dentre as vinícolas que abrem suas portas para visitação turística, é evidente a clara preferência por visitações agendadas, configurando 58% das empresas entrevistadas.
Nesse sentido, as vinícolas de médio e grande porte optam, em sua maioria, pela modalidade de visitação espontânea, com horários de funcionamento bem definidos e roteiros pré-estabelecidos e divulgados em suas redes sociais, por exemplo.
Sendo assim, as vinícolas que ampliaram seu leque de opções para os turistas, estão investindo em produtos e serviços sob medida para os visitantes.
Atrativos do enoturismo
A lista de atrativos engloba: colheita de uvas, passeio para os visitantes, participação na vinificação, harmonização de refeições, hospedagem familiar em sistema de pousada, degustação e comercialização de queijos, produtos de charcutaria e demais produtos associados e cursos teóricos de vinificação e de formação de sommeliers.
“Este tipo de turismo não apenas proporciona momentos de prazer sensorial, mas também destaca a importância do terroir, o conjunto único de fatores geográficos, climáticos e culturais que influenciam o caráter de um vinho. Além disso, o enoturismo contribui para impulsionar a economia local, promovendo o comércio de vinhos e produtos regionais, ao mesmo tempo em que oferece aos visitantes uma experiência enriquecedora e memorável,” completou Luciano Mestrich Motta.
Atendimento digital
Em relação ao comércio de produtos e serviços, a pesquisa do Sebrae sinaliza que o mercado enoturístico segue a tendência geral, notadamente com o avanço do e-commerce e da mudança dos padrões de comportamento e consumo dos clientes. Já a distribuição e promoção de produtos desses empreendimentos ocorrem quase que exclusivamente via lojas online, ou tele-entrega, muitas vezes diretamente pelo Whatsapp – que corresponde quase a totalidade (mais de 93%) da comunicação, vendas e agendamento dos empreendedores.
“O que percebemos é que, assim como em outras atividades e segmentos, o WhatsApp tem facilmente substituído a necessidade de um website para muitos pequenos negócios do enoturismo. É uma ferramenta com amplas funcionalidades, que pode receber cobranças, mostrar informações sobre horários de funcionamento e produtos, serviços e ofertas aos turistas”, exemplifica Germana.
Recorte por estado
O Rio Grande do Sul é líder absoluto em empreendimentos nesse nicho no país (222), respondendo por 55,5% das vinícolas que trabalham com enoturismo. Na sequência, aparece Santa Catarina, com 41 empresas. Juntos, os três estados da Região Sul têm 69% dos registros (Paraná aparece em sétimo lugar no ranking, com 13 negócios). O Sudeste também se destaca na classificação, com São Paulo (39) e Minas Gerais (32) em terceiro e quarto lugares, respectivamente.
Saiba mais sobre Luciano Mestrich Motta
Há duas décadas, Luciano Mestrich Motta desenvolveu uma paixão pelo universo dos vinhos durante suas viagens internacionais, onde teve a oportunidade de degustar vinhos excepcionais acompanhados de refeições memoráveis. Ao longo desse período, ele se dedicou a incluir destinos turísticos vinícolas em suas viagens, aprimorando constantemente seu conhecimento na área.
Esse interesse crescente o levou a buscar especialização por meio de cursos renomados, como WSET nível 1, Alexandra Corvo e Associação Brasileira de Sommeliers (ABS). Luciano Mestrich Motta explorou diversas regiões vinícolas ao redor do mundo, incluindo França, Itália, Espanha, Portugal, Estados Unidos, África do Sul, Argentina e Chile.
Foto: https://thenounproject.com/photo/barbaresco-village-and-langhe-vineyards-piedmont-italy-4ZennW/