Ceprocamp é o Serviço de Apoio Escolar (SAE) com abordagem acolhedora e alternativa, apresentada em seminário no Centro de Convenções da Unicamp
A sensibilidade e a experiência profissional da equipe pedagógica do Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp) levaram à criação do Serviço de Apoio Escolar (SAE) como maneira de garantir a escolaridade efetiva dos alunos que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica cultural e/ou risco social. Além dos cursos profissionalizantes oferecidos aos alunos, a escola pretende ser uma proposta para a mudança de vida.
O serviço de apoio da Educação Especial, já existente no Ceprocamp, oferecia atendimento especializado a alunos com deficiências e transtorno global no desenvolvimento. Entretanto, em alguns casos, alunos encaminhados para este atendimento também necessitavam de uma avaliação em outras áreas. Sendo assim, a proposta do SAE representou uma nova possibilidade para a escola e para os alunos, “realizando um esforço coletivo com as várias esferas da instituição”, explica Andréa Jaconi, gerente da Área dos Programas de Educação Profissional do Ceprocamp.
Ceprocamp
A gerente explica que o serviço surgiu das interações com os alunos da escola, do conhecimento das realidades presentes em relatos dos próprios alunos e dos professores, de queixas e encaminhamentos para o serviço de Educação Especial ou Psicologia Escolar, das dificuldades enfrentadas pelos alunos e observadas na rotina da escola e da necessidade de se buscar caminhos acolhedores e alternativos, dentro ou fora do contexto escolar.
Implantação
Implantado desde 2022, com um total de atendimentos até o momento, desde situações mais complexas (questões psiquiátricas, violência doméstica, assédio, dependência química) até as mais simples (questões pedagógicas, recuperações, situações de ensino e aprendizagem), a experiência bem-sucedida do SAE/Ceprocamp será levada ao Seminário XI Fala Outra Escola – Professora, Presente! Resistindo a abismos, reafirmando coletivos, a ser realizado entre os dias 10 e 14 de julho, no Centro de Convenções da Unicamp (com transmissão também pelo youtube (https://youtube.com/playlist?list=PLq0Y1lq_9Aj8j59IP_ZESTHlG2OkXHt_i)
Acesso e permanência
De acordo com a professora Sandra Mara Fulco, responsável pelo serviço, a criação do SAE visa uma escola inclusiva e acolhedora, a fim de garantir o acesso, a permanência e o sucesso a todos os estudantes.
“Trazemos ao Ceprocamp a concepção polissêmica da escola. Os alunos chegam marcados pela diversidade e pela desigualdade, em virtude da quantidade e da qualidade de suas experiências e relações sociais, prévias e paralelas à escola. Nessa perspectiva, buscar uma escola inclusiva e acolhedora é, antes de mais nada, reconhecer o espaço escolar como um local que abriga, nas singularidades dos alunos, diferentes histórias, visões de mundo, desejos, necessidades, valores, projetos, comportamentos e hábitos próprios.”
Além disso, a professora diz ainda que ao reconhecer que a escola se inclui na elaboração e expressão dos projetos de vida dos alunos mobiliza também os educadores no sentido de estipular conexões para além dos muros escolares.
Equipe pedagógica
Para que o trabalho se desenvolva de forma plena, o Ceprocamp conta, além do olhar atento da equipe pedagógica, com um grupo de estagiários de Psicologia: Davi Alves de Andrade, Wallaf Gabriel de Oliveira Rosa, Lorena Lima Machado e Bianca Ramos Ribeiro.
Assuntos dos atendimentos
Desemprego, aspectos ligados à saúde mental, violência doméstica, entre tantos outros problemas que podem refletir no desempenho e na trajetória escolar dos alunos, são atendidos pela equipe de apoio. Os atendimentos são classificados em três níveis:
- básico (mais objetivos e de menor complexidade – problemas de escolaridade, de relacionamento entre alunos ou professores, insatisfação com o curso ou escola, orientações gerais, questões de acessibilidade);
- médio (mais específicos, de maior complexidade , que exigem um esforço maior a curto prazo – vulnerabilidade socioeconômica, saúde mental);
- e avançado (que extrapolam os limites de uma instituição de ensino, casos que requerem intervenções e acompanhamentos médicos contínuos, além do uso contínuo de medicamentos psicotrópicos controlados).
Os resultados, apesar do pouco tempo de implantação do serviço, já podem ser observados, reforça a professora.
“Além do número de atendimentos, que aumentou expressivamente, passando de 32 no primeiro semestre de 2022, para 115 no primeiro semestre de deste ano, um crescimento de 260%, observamos também redução de impactos negativos em relação a questões envolvidas com a saúde mental, ansiedade, conflitos, problemas de relacionamento e evasão escolar.”
Seminário
O Seminário XI Fala Outra Escola – Professora, Presente! Resistindo a abismos, reafirmando coletivos, cujo objetivo é Apresentar práticas educativas emancipatórias e libertadoras no contexto das relações Escola-Universidade, parte da programação poderá ser acompanhada virtualmente sem inscrição prévia neste link. Para participar presencialmente, as inscrições podem ser feitas até amanhã (5) neste link.
O evento será realizado de 10 a 14 de julho, no Centro de Convenções da Unicamp e na Faculdade de Educação. Serão abordados temas nos seguintes eixos: Cotidianos, culturas e políticas educacionais democráticas, Educação das sensibilidades e narrativas: o mundo na escola e a escola no mundo e Práticas educacionais, arte e linguagens.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Sam Balye – unsplash.com/pt-br/fotografias/w1FwDvIreZU)