Museu Inhotim abriu suas portas em 2006; local oferece ao público uma proposta única que une arte e natureza
Neste mês de setembro, o Instituto Inhotim completou 17 anos de existência. De portas abertas desde 2006, o local oferece ao público uma proposta única que une arte e natureza, sendo o lugar de maior atrativo turístico de Brumadinho.
História do Museu Inhotim
Quando alguém fala sobre o Museu Inhotim, muitas sensações e lembranças podem vir à tona: as cores vibrantes do Magic Square #5, a copa vistosa do Tamboril, o embalo nas redes da Galeria Cosmococa, as espécies botânicas abundantes nos Jardins Temáticos e até mesmo a recordação de um passeio em família ou com pessoas queridas.
Contudo, para que o Inhotim seja esse lugar inesquecível, muitas pessoas atuam nas mais diversas funções em seus bastidores: da manutenção ao atendimento, da segurança à jardinagem, da serralheria à educação, cerca de 500 colaboradores fazem parte do dia a dia e da história do Instituto, que também marca a vida de quem movimenta o Inhotim diariamente.
Além disso, vale lembrar que em setembro de 2024 será entregue a primeira parte de um complexo hoteleiro, desenvolvido pelo grupo Clara Resorts, da CEO Taiza Krueder. Sendo assim, o espaço de cultura e arte poderá hospedar a grande quantidade de turistas que vem de diversas partes do país para visitar suas instalações artísticas.
Construção mais antiga do instituto
Uma pequena casa branca, próximo ao Largos das Orquídeas, é a construção mais antiga de Inhotim, erguida em 1874. O local abriga a obra Continente/Nuvem (2008), de Rivane Neuenschwander, remanescente de uma fazenda que existia onde hoje está o museu e jardim botânico.
Enquanto para visitantes aquela é a 13ª galeria aberta no Inhotim, para Lúcio Geraldo Pinto, o espaço sempre vai ser a casa de Maria José Pinto de Lima, a vó Maria, onde ele cresceu vendo familiares fazendo biscoito na folha de bananeira. Ele é um dos funcionários mais antigos do Inhotim. E já transitou por vários setores ligados à infraestrutura do Instituto, e hoje coordena a área de Manutenção. Entre construções e reparos, Lúcio se recorda das primeiras pavimentações feitas para guiar os caminhos de visitantes e dar acesso às primeiras galerias e jardins, que ajudaram a configurar o espaço que o museu é hoje.
Galeria Mata
Por sua vez, a Galeria Mata, que hoje recebe o Terceiro Ato da exposição de Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, foi um dos primeiros espaços expositivos do Inhotim. Além de receber exposições temporárias e exibir obras que fazem parte do acervo da instituição, sua arquitetura foi pensada para conectar o interior e o exterior do espaço. Inaugurada em 2002, antes mesmo de o Inhotim ser aberto ao público, foi nos jardins que rodeiam a Galeria Mata que, há dez anos, Elizabeth Tânia da Silva, a Bebete, começou sua caminhada no Inhotim.
Moradora do quilombo dos Marinhos, na zona rural de Brumadinho, Bebete desde criança gostou de estar em contato com plantas e com a natureza. Sua primeira missão no Inhotim foi cuidar dos jardins que rodeiam a Galeria Mata, em 2013. Desde então, suas mãos já ajudaram a enraizar e florescer plantas em vários outros espaços, como os jardins nas proximidades das esculturas de Edgar de Souza e da Galeria Miguel Rio Branco. Hoje, ela é a primeira mulher encarregada da área de jardinagem: tem um pouco de seu trabalho em todos os jardins do Inhotim.
Já Elton Damasceno, o Fubá, é especialista em produzir peças em resina e fibra de vidro, materiais que foram utilizados na criação das obras de John Ahearn e Rigoberto Torres, Abre a porta (2006) e Rodoviária de Brumadinho (2005). Após se envolver na produção das peças em um processo que durou mais de um ano, Fubá não deixou mais o Inhotim: participou da montagem da maioria das obras externas e galerias que fazem parte do acervo artístico, como Beam Drop Inhotim (2008), de Chris Burden, e De lama lâmina (2009), de Matthew Barney.
Atualmente, ele é coordenador da produção artística e trabalha em diversas forças-tarefas: realiza manutenções nas obras, auxilia artistas que chegam ao Instituto para produzirem obras comissionadas ou montarem trabalhos já executados. Dos trabalhos em que atuou recentemente, o que mais o marcou foi O espaço físico pode ser um lugar abstrato, complexo e em construção (2021), de Rommulo Vieira Conceição. Além de ter sido um processo longo e realizado durante a pandemia, a obra é repleta de signos e significados e integra a paisagem do Inhotim de forma permanente, deixando caminhos cada vez mais abertos para a presença de artistas negras e negros na instituição.
Espaço Igrejinha
No caso de Raphaelly Sandrine, seu primeiro emprego foi no Inhotim, mas sua história começou antes mesmo que ela possa recordar: ela foi batizada onde hoje é o Espaço Igrejinha. Após 13 anos como funcionária da instituição, ela já transformou seus desejos e descobriu novos potenciais muitas vezes. Passando pela monitoria e educação ambiental, foi em sua aproximação com os projetos de educação que ela encontrou na produção de eventos uma nova vocação.
Por fim, como produtora de eventos do instituto, hoje todos os eventos realizados a envolvem em etapas de planejamento, logística e ajustes de operações. O desejo inicial de atuar no Jardim Botânico foi se modificando com a convivência com a arte e lembra que a natureza e os acervos do Inhotim estão em constante transformação – assim como as pessoas que passam pelo local.
*Foto: Reprodução Instagram Instituto Inhotim